Operação de PSK em portátil – João Cardoso, CT1BHG

O João Cardoso, CT1BHG, explica como se opera PSK em portátil.

O CT1BHG é, sem sombra de dúvida, o OM com mais experiência a operar PSK em portátil, especialmente no SOTA.

Fez até ao momento 86 activações SOTA , creio que todas em PSK, sendo a estação CT, de entre todas as estações portuguesas, a que mais activações regista à data de hoje (17ABR2016).

A fotografia que se publica acima é a  estação de CT1BHG/p, em Alqueidão de Pussos, CT/BB-031. O link para a galeria do colega no fim do texto.

Fica aqui o agradecimento pelo conhecimento transmitido, em nome de todos os leitores, ao João Cardoso, CT1BHG.

Isto é saber de experiência feito. Que podemos querer mais ?!… 🙂

73 de Pedro, CT1DBS/CU3HF


O que é o PSK

O PSK (Phase Shift Keying – Modulação por Variação de Fase) foi criado e desenvolvido por Peter Martinez (G3PLX) nos anos 90. Modula a fase de uma portadora. (que tem a vantagem de ser muito estável na presença de QRM, QRN ou má propagação comparando por exemplo com a modulação de amplitude)

Actualmente estão em uso o PSK-31, o PSK-63 e o PSK-125.

A diferença entre estes vários modos encontra-se na largura da faixa e na velocidade de transmissão que, para o PSK31 são respectivamente de 31Hz para a faixa ocupada e 31 Bauds para a velocidade de transmissão.

O “B” em BPSK (binário) refere-se á forma mais comum de PSK a qual envia dois canais de dados em uma transmissão. Existe por exemplo o QPSK que ainda adiciona mais dois canais para correcção de erros, mas é um modo muito menos usado.

O PSK-31 é de facto o mais usado e diria mesmo que o único usado em portátil, porque operando a 31 Bauds permite uma transmissão de cerca de 50 caracteres por minuto e numa faixa de frequência muito estreita, sendo muito mais eficaz a baixas potencias que outros modos como por exemplo o CW. Comparando com o CW, um transmissor necessita de usar uma potencia 15 vezes maior que em PSK-31 para conseguir o mesmo desempenho.

Estação portátil básica

  • HF SSB Transceiver
  • Computador portátil, tablet etc. (devidamente equipado com placa de som)
  • Software apropriado. (Mix.W, etc.)
  • Interface de comunicação computador – rádio
  • Antena
  • Bateria(s)

Qualquer transceptor serve. Como para outros modos no caso SOTA, quanto mais leve melhor!

O PSK funciona com potências muito reduzidas (no meu caso uso 5w) pelo que qualquer antena serve. Claro que quanto melhor o transceptor e a antena melhor o resultado.  O requisito mais importante a meu ver será uma boa placa de som. (eu uso uma placa  externa SWEEX usb)

O computador deve ser robusto e pequeno pelos motivos óbvios. (tem sido o equipamento que mais arrelias me tem causado). Como regra, ser fiável. Ter um CPU rápido e bastante memória RAM é o desejável, no entanto não é fundamental, qualquer um vai funcionar desde que equipado com placa de som quer interna quer externa.

O software existente é muito abundante pelo que aí manda a preferência de cada um e os requisitos do sistema. Pessoalmente uso o Mix.W, porque gosto do seu “interface” e porque tem todos os modos digitais. Mas há quem não goste e aconselhe outros como por exemplo o ZAKANAKA.

O interface permite activar o PTT e enviar o sinal de áudio do computador. É muito usado o SIGNAL.LINK usb. Uma opção mais barata é construir um, como eu fiz. Trata-se basicamente de uma placa de som externa integrada com um circuito electrónico simples que activa o PTT e reduz o sinal de áudio a enviar ao rádio, para um nível correcto.

Na minha estação portátil uso actualmente o KX3 da ELECRAFT que tendo sistema vox permite ser utilizado sem necessidade de interface.

Operando PSK

O primeiro passo antes de operar qualquer estação será uma correcta sintonia do transmissor afim de evitar danos ao mesmo e proteger a recepção de sinais distorcidos não descodificáveis.

Também importante é o medidor de ALC (Automatic Leveling Control) em que se ajusta o nível de áudio para 0 [zero]. Se o nível de áudio transmitido for muito forte, o resultado será a emissão de um sinal distorcido. Se em vez de receber uma indicação de 599, receber por exemplo um 595, poderá querer dizer que deve ajustar o volume de áudio da transmissão.

Deve operar nas frequências de PSK usuais, ou seja cerca de 7.035 Mhz, 14.070 Mhz 28.080 Mhz. O rádio estará em modo SSB – USB.

Como os sinais de PSK são muito estreitos (31hz) normalmente não terá que mudar a frequência do rádio. Todas as transmissões são captadas sem quase necessidade de utilizar o dial.  É o software e não o rádio que fará a busca de estações e a descodificação dos sinais.

A chamada é semelhante ao CW, por ex:

CQ CQ CQ de CT1BHG/P CT1BHG/P CT1BHG/P Pse K

O “K” no final significa fim de transmissão e que a outra estação pode agora transmitir. Normalmente de seguida poderá ser assim:

CT1BHG/P CT1BHG/P CT1BHG/P de CT…. CT…. CT…. Pse K

Seguindo a transmissão:

CT…. CT…. de CT1BHG/P CT1BHG/P  Hi OM (mesagem) BTU CT…. CT…. de CT1BHG/P CT1BHG/P k

O “BTU” significa “de volta para si”.

No final do QSO termina-se com SK em vez de K, significando terminado.

Algumas coisas a fazer para evitar que corra mal

Para finalizar, creio importante passar algo da minha experiência pessoal que não sendo extraordinária já me permite algumas considerações sobre aquilo que pode correr mal. Como digo, é com base naquilo que a mim me correu mal e portanto não é uma regra. Outros poderão sofrer outro tipo de problemas.

  • Operar em PSK exige mais equipamento que operar em FONIA ou CW. É mais o computador com a sua alimentação. É o interface com ou sem alimentação própria. São os cabos de ligação. Tudo isso pesa mais na mochila. Invista numa bateria mais leve a fim de compensar este acréscimo de peso.
  • O PC deverá preferencialmente ter disponível uma segunda bateria (carregada!!) (Algumas activações ficaram por fazer devido à falha da bateria do PC). Pode sempre recorrer à alimentação do transceptor mas, por vezes, isso implica levar também um inversor…
  • O software deverá estar devidamente programado, com macros simples contendo a informação essencial como a referencia SOTA, o RST, e o nome do operador. Poderá ir já com alguns dados introduzidos no QTH, como por exemplo a referência SOTA.
  • Os PC hoje em dia tem o monitor extremamente brilhante o que dificulta ou até impossibilita a visualização no exterior, especialmente em dias de sol. Não se esqueça de colocar película protectora anti-reflexo.
  • Muitos operadores não se dão bem com os monitores tácteis e os rato integrados. (como é o meu caso) Se for o seu caso use um rato de boa qualidade. (ex: Microsoft)
  • Como está lidar com várias coisas que não pode esquecer e para evitar que a sua activação em PSK acabe como activação em fonia ou sem activar, como já aconteceu comigo (pois que nunca levo microfone para o KX3) faça uma lista de material e verifique antes de colocar na mochila. Verifique novamente na montanha antes de regressar. (há sempre umas coisitas que teimam em ficar por lá…)

CT1BHG
Imagens da autoria do nosso colega João Cardoso, CT1BHG, retiradas da sua impressionante galeria.

 

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